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As consequências económicas em Angola da guerra da Ucrânia

É um facto que a guerra na Ucrânia está a afetar a totalidade da economia mundial, e, naturalmente, esse impacto também terá consequências políticas,[1] como aliás desde logo reconheceu o Fundo Monetário Internacional (FMI). 

A questão que se vai abordar neste relatório é acerca do impacto específico da guerra na economia angolana, que como se sabe passa um tempo exigente de reforma e se apresta a sair duma crise profunda. Também se avaliará superficialmente se os impactos económicos terão influência política.

As duas faces do impacto do preço do petróleo em Angola

Naturalmente, que o primeiro impacto em Angola se refere ao preço do petróleo. A subida do preço do petróleo era uma tendência que já perdurava há algum tempo e foi acentuada com o deflagrar da guerra. Em certa medida, não é uma novidade trazida pela crise ucraniana, mas uma direção que já estava em curso há meses.

 A 31 de janeiro de 2022, o preço do barril de Brent estava a USD 89,9, a 14 de fevereiro de 2022, o valor situava-se nos USD 99,2. É um facto que com o início da guerra chegou a atingir os USD 129,3 a 8 de março. Neste momento (16 de março), estabilizou nos USD 99,11. Parece que o preço de equilíbrio do petróleo nos próximos tempos andará entre os USD 95-100, havendo, obviamente, a possibilidade de choques que o façam subir ou descer abruptamente.

Fig. nº 1- Gráfico Diário do Preço do Barril de Brent (Maio 2021-Março 2022)

Fonte: Trading Economics.com

Em relação a Angola, temos de partir da previsão orçamentada para 2022 que calculou o preço do barril a USD 59. Portanto, haverá uma mais-valia desde o início do ano correspondente a mais 50%, no mínimo. Nesse sentido, como o orçamento estava equilibrado, quer dizer que haverá um excedente financeiro, o que obviamente é uma boa notícia.

Esta subida do preço do petróleo tem então, numa primeira linha, dois efeitos positivos para Angola.

O primeiro é ao nível da receita extraordinária do Tesouro que naturalmente aumentará. Em termos simples, pode-se afirmar que haverá mais dinheiro disponível por parte do Estado.

O segundo efeito, que também já se sente, é o chamado feel good factor (ou índice de confiança). Os empresários e as famílias refazem as suas expectativas num sentido mais positivo, esperando melhores sinais da economia. Segundo o Instituto Nacional de Estatística angolano, os empresários estão, finalmente, otimistas quanto às perspetivas da economia nacional no curto prazo, depois de permanecerem mais de 6 anos pessimistas.[2] A subida do preço do petróleo não é o único motivo para o otimismo revelado, mas ajuda.

Note-se, no entanto, que os ganhos do preço do petróleo não se transformam diretamente em saldo orçamental positivo. Há vários constrangimentos na tradução da subida do preço do petróleo em vantagens orçamentais diretas para Angola.

O primeiro deles é o tipo de relação com a China. A China é o principal comprador do petróleo angolano. Não sabemos de que forma estão feitos os contratos e se estes refletem automaticamente as oscilações de preço. No passado, alguns intermediários das compras e vendas de petróleo para a China chegaram a fazer contratos de preço fixo que prejudicaram enormemente o Tesouro angolano.[3] Imagina-se que tais “esquemas” já não existam, mas não há certezas. Certo é que, provavelmente, os contratos entre Angola e China referentes ao petróleo conterão algum tipo de “amortecedores” que implicarão que não haja uma repercussão direta dos preços. Além do mais, alguns peritos petrolíferos, como os da Chatham House, entendem que o facto de a China comprar cerca de 2/3 do petróleo angolano (na verdade 70%[4]) lhe permite um certo controlo monopolista do preço, querendo com isto significar que as compras chinesas são feitas de modo a minorar as subidas de preço, prejudicando as vantagens angolanas[5].

Em segundo lugar, temos o serviço da dívida. Aparentemente, existem mecanismos contratuais que implicam que um preço mais elevado do petróleo implica um aumento do serviço da dívida, isto é, dos pagamentos a efetuar. A ministra das Finanças, Vera Daves, já reconheceu que “o que resulta do aumento do preço não pode ser feita uma conta aritmética com a produção” e que o preço do barril de petróleo, acima dos cem dólares, obriga Angola a pagar mais aos seus credores internacionais[6].

Além do mais a subida do preço do petróleo tem também um possível efeito negativo no Orçamento angolano, que se refere ao preço dos combustíveis vendidos ao público. Como se sabe esse preço é subsidiado pelo Estado; nessa medida, se o custo do petróleo aumenta e o governo não aumentar os combustíveis, quer dizer que vai ter de suportar mais subsídios e gastar mais para manter os preços dos combustíveis. Se não o fizer pode estar a alimentar inflação, que já não é baixa em Angola e criar problemas sociais e de descontentamento.

Há aqui quatro fatores: aumento do preço, relações com a China, aumento das obrigações de pagamento de dívida e aumento do subsídio dos combustíveis que têm de ser tidos em conta para avaliar o real impacto da subida do preço do petróleo nas contas e economia angolana.

Na realidade, não dispomos de números precisos sobre esses impactos, apenas ideias de grandezas, e face a estas, a conclusão que se pode retirar é que um aumento de 50% do preço do petróleo em relação ao que está previsto no Orçamento deixa uma folga de tesouraria ainda acentuada depois do aumento do pagamento do serviço da dívida e do suporte à subida do preço dos combustíveis, sendo indubitável que uma “almofada” financeira será criada.

A esta “almofada” financeira, que, repete-se, não é diretamente proporcional ao aumento do preço do petróleo, acresce o fator feel good, de quantificação intangível, mas que já se nota nos principais atores económicos angolanos.

Quer isto dizer que depois de anos de grande sacrifício, há, finalmente, razões para um otimismo moderado relativamente à economia angolana.

A questão do preço dos alimentos

A par com o preço do petróleo, muitas outras classes de produtos básicos estão a aumentar de preço. Uma delas é a dos cereais, designadamente o trigo.

A Ucrânia e Rússia juntas respondem por um quarto de todas as exportações mundiais de trigo. O conflito está a elevar dramaticamente os preços do trigo. Com o início da guerra, o preço do alqueire de trigo subiu para US$ 12,94, 50% mais caro do que no início de 2022.

No meio de uma guerra, não está claro se os agricultores da Ucrânia estarão dispostos a gastar o capital que tiverem para plantar na próxima colheita, ou mesmo se estarão em condições de o fazer. O que é certo é que a Ucrânia anunciou a proibição de todas as exportações de trigo, aveia e outros alimentos básicos para evitar uma enorme emergência alimentar dentro de suas fronteiras. Portanto, exportações de trigo da Ucrânia, mesmo que exista produção, estão comprometidas.

Ao contrário do petróleo, que afeta os preços quase que no imediato, os preços dos grãos levam semanas, se não meses, para chegar aos consumidores. Na realidade, o grão cru precisa ser enviado para as instalações de processamento para fazer pão e outros alimentos básicos – e isso leva tempo. Nesse sentido, possivelmente, não será uma crise imediata para Angola, mas chegará ao país.

De acordo com fontes governamentais, Angola é autossuficiente em seis produtos agrícolas base: mandioca, batata-doce, banana, o ananás, os ovos e a carne de cabrito. No entanto, o trigo é a mercadoria mais importada, representando 11%.[7] Lembremo-nos que o trigo é um elemento essencial da dieta dos angolanos, o que aliás levou há alguns meses o ministro da Indústria e Comércio a sugerir a substituição do pão pela mandioca, batata-doce, banana assada e ginguba. Esta afirmação gerou muitas críticas. Contudo, do estrito ponto da autossuficiência económica talvez faça sentido, uma vez que possivelmente o preço do pão irá subir e eventualmente o preço dos bens nacionais pode descer, se existir mercado concorrencial adequado.

O que é certo é que Angola poderá correr o mesmo perigo do Egito, uma cultura extremamente assente no trigo que sofre perturbações sociais quando o preço do trigo sobe.

Quando os preços dos grãos dispararam em 2007-2008, os preços do pão no Egito subiram 37%. Com o desemprego a aumentar, mais pessoas ficaram dependentes de pão subsidiado– mas o governo não reagiu. A inflação anual dos alimentos no Egito continuou e atingiu 18,9% antes da queda do presidente Mubarak.

A maioria dos pobres nesses países não tem acesso a redes de segurança social. Imagens de pão tornaram-se centrais nos protestos egípcios que levaram à queda de Mubarak. Embora as revoluções árabes estivessem unidas sob o slogan “o povo quer derrubar o regime” e não “o povo quer mais pão”, a comida foi um catalisador. Aliás, note-se que os “motins do pão” vêm ocorrendo regularmente desde meados da década de 1980, geralmente após a implementação de políticas “aconselhadas” pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional.

Angola não é o Egito, mas é fundamental que o governo esteja muito atento à evolução do preço do trigo e do pão para evitar agitação social, numa fase em que começa a sair da prolongada crise.

No entanto, tal como no caso do petróleo existe uma outra face, e neste caso é positiva. A crise da produção agrícola derivada da guerra pode ser um momento de inflexão para uma aposta em Angola de investidores estrangeiros na agropecuária. Angola é dos países do mundo com mais potencialidades, como aliás já referimos em relatório anterior[8], portanto este pode ser o tempo de oportunidades para investidores verem a capacidade agrícola angolana e desfrutarem dela. Um dos sectores mais promissores e com mais potencial é a agropecuária. Há neste momento uma conjugação de fatores que a tornam uma das apostas mais rentáveis para o investimento em Angola.

Conclusões e recomendações

A guerra na Ucrânia tem variados impactos na economia angolana.

A subida do preço do petróleo, não trazendo receitas diretamente proporcionais, cria uma “almofada” no Tesouro e um feel good factor no empresariado, que poderá ser potenciador de crescimento.

A subida do preço dos cereais, em especial do trigo, pode criar graves pressões inflacionistas e descontentamento entre a população, situação para a qual o governo deve estar atento. Ao mesmo tempo, chamará a atenção para o potencial enorme de investimento que Angola tem como país agropecuário.

O governo deveria criar uma reserva especial proveniente das mais-valias do petróleo para garantir o abastecimento de cereais à população mais carenciada e também para promover o investimento agropecuário em Angola.


[1] https://www.imf.org/en/News/Articles/2022/03/05/pr2261-imf-staff-statement-on-the-economic-impact-of-war-in-ukraine

[2] https://www.angonoticias.com/Artigos/item/70611/optimismo-regressa-no-seio-dos-empresarios-seis-anos-depois

[3] Rui Verde, Angola at the Crossroads. Between Kleptocracy and Development (2021), p. 24.

[4] https://www.forumchinaplp.org.mo/pt/china-foi-o-destino-de-71-do-petroleo-exportado-por-angola-em-2020/

[5] Explicações dadas em reunião da Chatham House que aqui replicamos, respeitando as regras da casa.

[6] https://rna.ao/rna.ao/2022/03/03/preco-do-petroleo-a-cima-dos-cem-dolares-obriga-governo-angolano-a-pagar-mais-aos-credores/

[7] https://www.expansao.co.ao/economia/interior/grupo-carrinho-destaca-se-nas-importacoes-e-exportacoes-do-pais-106709.html

[8] https://www.cedesa.pt/2020/06/15/plano-agro-pecuario-de-angola-diversificar-para-o-novo-petroleo-de-angola/

The economic consequences in Angola of the Ukraine war

It is a fact that the war in Ukraine is affecting the entire world economy, and, certainly, this impact will also have political consequences[1], as the International Monetary Fund (IMF) immediately recognized.

The question that will be addressed in this report is about the specific impact of the war on the Angolan economy, which, as we know, is undergoing a demanding reform period and is about to emerge from a deep crisis. It will also superficially assess whether the economic impacts will have political influence.

The two faces of the impact of the oil price in Angola

Naturally, the first impact in Angola refers to the price of oil. The rise in the price of oil was a trend that had been going on for some time and was accentuated with the outbreak of the war. To some extent, it is not a novelty brought about by the Ukrainian crisis, but a direction that has been underway for months.

 On January 31, 2022, the price of a barrel of Brent was USD 89.9, on February 14, 2022, the value was USD 99.2. It is a fact that with the beginning of the war it reached USD 129.3 on March 8. At this point (March 16), it stabilized at USD 99.11. It seems that the equilibrium price of oil in the near future will be between USD 95-100, with, obviously, the possibility of shocks that make it rise or fall abruptly.

Fig. nº 1- Daily Chart of the Price of a Barrel of Brent (May 2021-March 2022)

Source: Trading Economics.com

In relation to Angola, we have to start from the budgeted forecast for 2022, which calculated the price of a barrel at USD 59. Therefore, there will be an added value since the beginning of the year corresponding to a minimum of 50% more. In this sense, as the budget was balanced, it means that there will be a financial surplus, which is obviously good news.

This rise in the price of oil therefore has, in the first place, two positive effects for Angola.

The first is at the level of extraordinary Treasury revenue, which will naturally increase. In simple terms, it can be said that there will be more money available from the state.

The second effect, which is already being felt, is the so-called “feel good factor” (or confidence index). Entrepreneurs and families are rethinking their expectations in a more positive direction, hoping for better signs from the economy. According to the Angolan National Statistics Institute, businesspeople are finally optimistic about the short-term prospects of the national economy, after remaining pessimistic for more than 6 years[2]. The rise in the price of oil is not the only reason for the optimism revealed, but it helps.

Note, however, that oil price gains do not translate directly into a positive budget balance. There are several constraints in translating the rise in oil prices into direct budgetary benefits for Angola.

The first of these is the type of relationship with China. China is the main buyer of Angolan oil. We do not know how the contracts are made and whether they automatically reflect price fluctuations. In the past, some intermediaries in the purchases and sales of oil to China even entered into fixed-price contracts that greatly harmed the Angolan Treasury[3]. It is imagined that such “schemes” no longer exist, but there are no certainties. What is certain is that, probably, the contracts between Angola and China regarding oil will contain some type of “dampers” that will imply that there is no direct impact on prices. Furthermore, some oil experts, such as those at Chatham House, believe that the fact that China buys around 2/3 of Angolan oil (actually 70%[4]) allows it a certain monopolistic control of the price, meaning that Chinese purchases are made in order to lessen price rises, undermining Angolan advantages[5].

Second, we have debt service. Apparently, there are contractual mechanisms that imply that a higher price of oil implies an increase in debt service, that is, in payments to be made. The Minister of Finance, Vera Daves, has already acknowledged that “what results from the price increase cannot be made an arithmetic account with production” and that the price of a barrel of oil, above one hundred dollars, forces Angola to pay more to their international creditors[6].

Furthermore, the rise in the price of oil also has a possible negative effect on the Angolan budget, which refers to the price of fuel sold to the public. As is well known, this price is subsidized by the State; to that extent, if the cost of oil increases and the government does not increase fuel, it means that it will have to bear more subsidies and spend more to maintain fuel prices. If you don’t, you could be fueling inflation, which is no longer low in Angola, and creating social problems and discontent.

There are four factors here: price increase, relations with China, increase in debt payment obligations and increase in fuel subsidy that have to be taken into account to assess the real impact of the rise in oil prices on the accounts and the Angolan economy.

In fact, we do not have precise figures on these impacts, only ideas of magnitude, and in view of these, the conclusion that can be drawn is that a 50% increase in the price of oil in relation to what is foreseen in the Budget leaves a treasury slack that is still accentuated after the increase in debt service payments and support for the rise in fuel prices, and it is undoubted that a financial “cushion” will be created.

The question of food prices

Alongside the price of oil, many other commodity classes are rising in price. One of them is cereals, namely wheat.

Ukraine and Russia together account for a quarter of all world wheat exports. The conflict is dramatically driving up wheat prices. With the start of the war, the price of a bushel of wheat rose to $12.94, 50% more expensive than at the beginning of 2022.

In the midst of a war, it is unclear whether Ukraine’s farmers will be willing to spend whatever capital they have to plant the next harvest, or even if they will be in a position to do so. What is certain is that Ukraine has announced a ban on all exports of wheat, oats and other staple foods to avoid a massive food emergency within its borders. Therefore, wheat exports from Ukraine, even if there is production, are compromised.

Unlike oil, which affects prices almost immediately, grain prices take weeks, if not months, to reach consumers. In reality, raw grain needs to be shipped to processing facilities to make bread and other staples – and that takes time. In this sense, possibly, it will not be an immediate crisis for Angola, but it will reach the country.

According to government sources, Angola is self-sufficient in six basic agricultural products: cassava, sweet potato, banana, pineapple, eggs and goat meat. However, wheat is the most imported commodity, accounting for 11%[7]. Let us recall that wheat is an essential element in the diet of Angolans, which a few months ago led the Minister of Industry and Commerce to suggest replacing bread with cassava, sweet potatoes, roasted bananas and “ginguba” (peanuts). This statement has generated much criticism. However, from the strict point of economic self-sufficiency it may make sense, since possibly the price of bread will rise and eventually the price of national goods may fall, if there is an adequate competitive market.

What is certain is that Angola could be in the same danger as Egypt, an extremely wheat-based crop that suffers social upheaval when the price of wheat rises.

When grain prices soared in 2007-2008, bread prices in Egypt rose by 37%. With unemployment on the rise, more people became dependent on subsidized bread – but the government didn’t react. Annual food inflation in Egypt continued and reached 18.9% before the fall of President Mubarak.

Most of the poor in these countries do not have access to social safety nets. Bread images became central to the Egyptian protests that led to Mubarak’s downfall. Although the Arab revolutions were united under the slogan “the people want to overthrow the regime” and not “the people want more bread”, food was a catalyst. Incidentally, it should be noted that “bread riots” have been occurring regularly since the mid-1980s, usually after the implementation of policies “advised” by the World Bank and the International Monetary Fund.

Angola is not Egypt, but it is essential that the government pay close attention to the evolution of wheat and bread price to avoid social unrest, at a stage when it begins to emerge from the prolonged crisis.

However, as in the case of oil, there is another side, and in this case it is positive. The crisis in agricultural production resulting from the war could be a turning point for foreign investors to invest in agriculture in Angola. Angola is one of the countries in the world with the most potential, as we have already mentioned in a previous report[8], so this may be the time of opportunity for investors to see Angola’s agricultural capacity and take advantage of it. One of the most promising sectors with the most potential is agriculture. There is currently a combination of factors that make it one of the most profitable bets for investment in Angola.

Conclusions and recommendations

The war in Ukraine has several impacts on the Angolan economy.

The rise in the price of oil, not bringing directly proportional revenues, creates a “cushion” in the Treasury and a “feel good factor” in the business community, which could be a growth booster.

The rise in the price of cereals, especially wheat, can create serious inflationary pressures and discontent among the population, a situation for which the government must be aware. At the same time, it will draw attention to the enormous investment potential that Angola has as an agricultural country.

The government should create a special reserve derived from the gains from oil to guarantee the supply of cereals to the poorer sections of the population and also to promote agricultural investment in Angola.


[1] https://www.imf.org/en/News/Articles/2022/03/05/pr2261-imf-staff-statement-on-the-economic-impact-of-war-in-ukraine

[2] https://www.angonoticias.com/Artigos/item/70611/optimismo-regressa-no-seio-dos-empresarios-seis-anos-depois

[3] Rui Verde, Angola at the Crossroads. Between Kleptocracy and Development (2021), p. 24.

[4] https://www.forumchinaplp.org.mo/pt/china-foi-o-destino-de-71-do-petroleo-exportado-por-angola-em-2020/

[5] Explanations given at a Chatham House meeting that we replicate here, respecting the house rules.

[6] https://rna.ao/rna.ao/2022/03/03/preco-do-petroleo-a-cima-dos-cem-dolares-obriga-governo-angolano-a-pagar-mais-aos-credores/

[7] https://www.expansao.co.ao/economia/interior/grupo-carrinho-destaca-se-nas-importacoes-e-exportacoes-do-pais-106709.html

[8] https://www.cedesa.pt/2020/06/15/plano-agro-pecuario-de-angola-diversificar-para-o-novo-petroleo-de-angola/